Foto: Bendito Restaurante
Pesquisa nacional da Abrasel e análise da Chef Ai mostram aumento na reserva e mudanças no comportamento do cliente em dezembro
Com a chegada de dezembro, a reserva em bares e restaurantes ganha outro peso. Confraternizações corporativas, encontros de equipes, reuniões de amigos e o clima das festas de fim de ano ampliam a procura por mesas e pressionam a operação dos estabelecimentos. Levantamentos recentes da Abrasel e dados da Chef Ai indicam que esse movimento cresce de forma consistente e que a tecnologia se consolida como uma aliada para organizar a demanda.
Pesquisa realizada pela Abrasel entre os dias 10 e 19 de novembro com empresários de todo o país, mostra um setor que entra no fim de ano em situação que traz expectativa de bom faturamento. Em outubro, 40% das empresas operaram com lucro, enquanto o percentual de estabelecimentos no prejuízo caiu de 27% em setembro para 20%. O Índice Abrasel Stone registrou alta de 1,6% nas vendas em outubro na comparação com setembro. Esse cenário ajuda a explicar por que muitos empresários enxergam dezembro como oportunidade para consolidar resultados, em um mês no qual a reserva se torna hábito e não exceção.
Reserva maior, grupos grandes e salão mais disputado
Os dados da Chef Ai detalham como essa mudança aparece na prática. A empresa, que trabalha com aplicações de inteligência artificial para bares e restaurantes, analisou mais de 150 mil mensagens trocadas entre clientes e estabelecimentos entre outubro e dezembro em diferentes regiões do país. O volume total de conversas passou de 71.269 em outubro para 82.197 em novembro, um aumento de 15%.
Dentro desse universo, as interações relacionadas à reserva tiveram avanço ainda maior. O número de mensagens sobre reservas subiu de 23.501 para 29.337, alta de quase 25%. A fatia de mensagens que tratavam de reserva também cresceu no período, de 33% para 36%. O movimento se confirmou na operação: o total de pessoas que efetivamente reservaram mesas aumentou 22%, passando de 7.837 em outubro para 9.557 em novembro.
O tamanho médio das mesas também mudou. Em outubro, a média era de 6,9 pessoas por reserva. Em novembro, chegou a 8,5. Em dezembro, a Chef Ai registrou média de 21,4 pessoas por reserva, número que reflete a concentração de eventos corporativos e encontros de fim de ano.
Para Matheus Mason, fundador da empresa, essa mudança altera a forma como os estabelecimentos precisam encarar a temporada. “O salto de dezembro revela uma mudança significativa no perfil da demanda. As reservas deixam de ser majoritariamente familiares e passam a ser marcadas por grandes grupos, exigindo reorganização de salão, reforço de equipe e políticas específicas para confraternizações”, afirma.
Na prática, isso significa rever a distribuição das mesas, planejar horários de maior fluxo e ajustar o atendimento de acordo com as faixas de horário em que a reserva se concentra. Em operações que reúnem diferentes perfis de clientes, dezembro passa a ser um mês em que o planejamento de salão se torna tão importante quanto o cardápio.
Em um grupo hoteleiro da região de Campinas, a percepção é semelhante. Rodrigo Porto, diretor de Alimentos e Bebidas da Rede Vitória Hotéis, que tem casas como Bellini, Kindai, Vitorino Culinária Vibrante, Bar Maria Azeitona e Vick, destaca que, já em novembro, a busca por reserva começou a ganhar força. “Já tivemos um aquecimento, mas ainda é cedo para projetar o aumento”, diz. Segundo ele, almoços corporativos e jantares de equipes impulsionam a procura e exigem atenção redobrada na organização dos espaços.
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Reserva digital, menos fila e operação mais eficiente
O crescimento da reserva no fim do ano também evidencia a importância da tecnologia para o setor de alimentação fora do lar. Com grupos maiores e horários disputados, o cliente prefere resolver tudo pelo celular, de forma rápida e objetiva. Para os bares e restaurantes, responder com agilidade faz diferença entre garantir uma mesa cheia ou perder a oportunidade.
A pesquisa nacional da Abrasel mostra que, mesmo com a melhora recente, muitos negócios ainda convivem com margens apertadas e dificuldade para recompor preços. Nesse cenário, desperdiçar uma reserva por falta de resposta rápida ou por falha de controle interno se torna um risco grande demais. Organizar o processo de reserva, portanto, deixa de ser apenas uma comodidade e passa a ser parte da estratégia de gestão.
Cada cidade vive a temporada de fim de ano à sua maneira. Em alguns lugares, a reserva se concentra no almoço, com festas de empresas. Em outros, o foco está nos jantares e nas reuniões de amigos. Há casas que dependem de turistas e outras que recebem principalmente o público local. Em todos os casos, dezembro confirma um padrão: o cliente busca segurança ao reservar, quer clareza sobre horários e espera um atendimento organizado.
Para os bares e restaurantes, esse comportamento aponta um caminho. Investir em processos claros de reserva, seja por telefone, redes sociais ou soluções de inteligência artificial, ajuda a atravessar o mês mais intenso do ano com menos improviso. Ao mesmo tempo, fortalece o relacionamento com quem já frequenta a casa e cria uma boa primeira impressão para novos clientes que chegam exatamente em um momento de alta demanda.




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